PF desmonta esquema bilionário de fraude no INSS que funcionava desde 2019

Divulgação/PF

Operação resulta na prisão de envolvidos, apreensão de bens de luxo e exoneração do presidente do INSS. Cerca de R$ 6 bilhões teriam sido desviados desde o início do governo Bolsonaro.

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (23) uma operação de grande escala para desarticular um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A investigação revelou a cobrança indevida de descontos em aposentadorias e pensões, sem autorização dos beneficiários. Foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão em diversos estados, com pelo menos cinco prisões realizadas. Entre os bens apreendidos estão carros de luxo, dinheiro em espécie, obras de arte e joias. A Justiça também determinou o afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que acabou exonerado poucas horas depois por pressão do Palácio do Planalto. Além de Stefanutto, outros três membros do alto escalão da Previdência Social foram afastados, incluindo o chefe da Procuradoria Federal especializada do INSS e um agente da própria Polícia Federal.

Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, o afastamento foi solicitado após a constatação de que o esquema continuava operando mesmo após a instauração do inquérito, em junho de 2024. A Controladoria-Geral da União (CGU) levantou suspeitas ao identificar um aumento anormal nas cobranças de “descontos associativos” nos contracheques dos aposentados. Uma auditoria revelou que 98% dos entrevistados nunca haviam solicitado associação ou reconheciam as cobranças. A investigação aponta que, desde 2019, cerca de R$ 6 bilhões foram arrecadados ilegalmente. Foram detectadas falhas graves na verificação das autorizações e indícios de falsificação de documentos. Onze entidades foram alvo de medidas judiciais, e o INSS suspendeu todos os convênios relacionados a esse tipo de desconto. A Diretoria de Benefícios do INSS, considerada central no esquema, permitia que entidades se cadastrassem para descontar valores diretamente da folha de pagamento.

O atual diretor da área, Vanderlei Barbosa dos Santos, foi um dos presos nesta quarta-feira. Antes dele, em 2024, o governo já havia exonerado o então diretor André Fidelis, ligado à Conafer, uma das entidades sob investigação.Os valores cobrados mensalmente variavam entre R$ 30 e R$ 50 e prometiam benefícios como descontos em academias ou serviços funerários, que, na prática, nunca eram oferecidos. Para sustentar o golpe, cerca de três milhões de beneficiários estavam sendo cobrados regularmente até a véspera da operação. O governo federal informou que pretende ressarcir os valores descontados de forma ilegal e que parte dos prejuízos será coberta com os bens apreendidos durante a operação.

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