13 de Maio: Um Marco Simbólico, não um Ponto Final.
O 13 de maio é uma data marcada oficialmente pela assinatura da Lei Áurea, em 1888, que pôs fim à escravidão legal no Brasil. No entanto, mais de um século depois, a abolição ainda não se realizou plenamente na vida da população negra. A escravidão deixou cicatrizes profundas e estruturais que se perpetuam nas desigualdades sociais, econômicas e políticas do país. Basta observar quem ocupa os espaços de poder, quem tem acesso às decisões estratégicas, quem é ouvido e valorizado, e quem continua à margem. A presença negra em cargos de liderança, na política, na mídia, no empresariado ou na academia ainda é exceção, e não regra. Essa sub-representação não é fruto do acaso, mas o resultado de uma história longa de exclusão e de um racismo estrutural que moldou — e ainda molda — as dinâmicas sociais brasileiras. O Brasil pós-abolição falhou em garantir direitos, reparações e oportunidades. E essa dívida histórica se traduz em desafios cotidianos para o povo negro. A luta contra o racismo não é episódica, nem simbólica, é diária. Está nas batalhas por respeito, por dignidade, por reconhecimento e por igualdade de oportunidades. Está nas trincheiras da educação, da cultura, das redes de apoio, do ativismo e da resistência que se renova a cada geração. O preconceito, a discriminação e a violência contra corpos negros persistem em todas as esferas, seja no mercado de trabalho, no sistema de justiça, na segurança pública ou nas relações sociais mais básicas. Por isso, o 13 de maio não deve ser celebrado como uma data de libertação final, mas sim ressignificado como um lembrete do quanto ainda precisamos avançar. Que ele nos sirva como marco de uma luta permanente por equidade, por representatividade e por justiça. Que nos convoque a enfrentar, com coragem e consciência, as opressões que ainda se impõem sobre a população negra.A abolição, para ser completa, precisa se fazer presente nos corpos livres e nas mentes livres. E essa liberdade só será real quando houver igualdade plena nas relações sociais.
Alexandre Miranda – Secretário Executivo de Cultura de Olinda
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